Deveria ter a minha marca registada?

· por Redacción

Ter um bom nome e uma identidade visual impactante para a nossa empresa é essencial, mas não é suficiente. Devemos garantir que todos os elementos que compõem a nossa marca estão devidamente protegidos, tendo em conta as atividades e os países necessários, através dos registos de Patentes e Marcas, bem como de Propriedade Industrial. Ou seja, é indispensável registar o nome comercial para ter a nossa marca registada, mas também para proteger os símbolos distintivos da mesma como, por exemplo, o logotipo. Aliás, a tendência atual passa por registar mais elementos característicos da marca, tais como sinais sonoros ou visuais relacionados com o produto. Por exemplo, o som de um Mac quando arranca, o som do motor de uma Harley ou as luzes características do Amazon Echo são elementos diferenciadores que devem ser devidamente protegidos para que possam ser capitalizados pela marca e pela empresa.

O processo começa quando se cria o nome de uma marca, embora cada vez mais se leve a cabo um registo misto, no qual o nome é inscrito em conjunto com a sua identidade visual. Porém, antes de registar uma marca, é importante realizar um exercício de planeamento e de estratégia para evitar problemas no futuro. É habitual encontrar empreendedores que, devido a uma excessiva visão de curto prazo ou por falta de noção da importância desta questão, só registam a sua marca no mercado nacional quando talvez devessem fazê-lo também em determinadas classes e países em que a marca provavelmente estará presente mais cedo ou mais tarde.

É necessário parar para refletir sobre os objetivos se não for a longo, pelo menos a médio prazo, de uma perspetiva tanto de negócios como de branding. Há também muitas startups digitais que acreditam que ter o domínio .com na internet é suficiente, mas há casos em que, quando crescem, têm de enfrentar problemas e custos significativos por não terem a sua marca registada devidamente.

Além dos países, é importante ter certezas quanto às classes da Classificação de Nice em que convém registar a nossa marca, para nos prevenirmos em relação às categorias de produtos ou serviços em que pomos a hipótese de um dia vir a realizar as nossas atividades.

Embora tudo isto tenha obviamente um custo, é preferível um esforço económico inicial do que depararmo-nos com a necessidade de fazer, no futuro, outros registos que limitem a expansão ou o crescimento da marca e que não permitam que nos defendamos adequadamente de terceiros, que tentem registar uma marca semelhante à nossa, ou, pior, que nos levem a litígios altamente dispendiosos.

Há outro motivo que torna indispensável o processo de uma marca registada e que consiste em assegurar o valor do maior ativo intangível que podemos ter: a própria marca em si. Ou seja, aquilo que torna a empresa única e capaz de gerar a preferência e a lealdade dos clientes, mas que, sendo um ativo intangível, é também economicamente avaliável e suscetível de ser comprado ou vendido. Se a nossa marca não for devidamente registada, a avaliação que terceiros farão dela será muito mais reduzida ou mesmo nula.

Embora ter uma marca registada seja um processo simples, muitas empresas, mesmo com uma dimensão considerável, tiveram problemas de maior ou menor impacto com o registo.

Por exemplo, a app Wallapop deparou-se com um problema quando descobriu que as marcas Walla e Wala tinham sido previamente registadas, pois poderia haver um conflito de naming ou a entidade Wallapop ser confundida como um mero serviço adicional da Walla.

A Google e o telemóvel Nexus One encontraram um obstáculo difícil de superar quando foi descoberto que anteriormente a empresa Integra Communications já havia registado a marca ‘Nexus’ dentro do mesmo setor. A Apple teve que chegar a um acordo caro com a empresa Apple Records depois de anos de litígio. Quando se coloca a dúvida se devemos ou não ter uma marca registada, é sempre melhor prevenir do que remediar.

Por isso, e reforçando aquilo que referimos no início, devemos proteger devidamente todos os elementos que distinguem a nossa marca e moldam a nossa identidade para, a partir daí, concentrar os nossos esforços na construção da marca e do seu valor económico com segurança e com bons alicerces.

Razoável