Branding

Máscaras: um inesperado suporte de identidade de marca

Como já referimos noutras ocasiões, a crise da Covid-19 propiciou um novo contexto repleto de desafios e oportunidades para as marcas. Uma delas é um novo suporte de identidade de marca que surgiu quase sem querer: as máscaras.

O facto de serem obrigatórias converteu-as no novo fenómeno massivo. As ruas encheram-se inclusivamente de mais máscaras do que de calças de ganga. Consequentemente, transformaram-se num novo elemento aglutinador da sociedade.

Por definição, perante qualquer uniformização, surge a vontade individualista do ser humano, o desejo de personalizar e de fugir dessa uniformização. Atualmente, e poucos meses depois do seu aparecimento, já podem ser vistas máscaras com bocas desenhadas, caveiras, flores, abstrações cromáticas, mensagens, etc. A maioria converteu-se num elemento de moda com uma clara vontade de diferenciação.

Além disso, trata-se de um fenómeno que não teve tanta expressão em sociedades nas quais a máscara é usada há décadas, como é o caso do Japão. Enquanto que, na cultura oriental, as máscaras não se transformaram num suporte de nada, talvez devido a um menor grau de individualismo em comparação com o ocidente, as ruas das nossas cidades já aparecem cheias de mensagens e intenções andantes.

Neste contexto, as marcas devem aderir à tendência e não deixar fugir uma oportunidade deste calibre. Na verdade, já estão a começar a fazê-lo.

Um suporte válido para qualquer marca

Em branding, o design é uma ferramenta para transmitir a estratégia da marca, o seu tom e estilo, os seus valores… É um instrumento para gerar uma experiência positiva, coerente e alinhada com a estratégia de marca definida.

As máscaras devem ser encaradas como oportunidades de expressão e de interação da marca com os seus públicos para construir também uma experiência inspirada na estratégia de marca. Devem ser consideradas como mais uma dimensão de que uma marca dispõe para se manifestar e interagir com os seus públicos. Um novo suporte de identidade de marca.

Algumas empresas do setor da moda, como a Camper ou a Louis Vuitton, já o fizeram. Porém, trata-se de uma dimensão válida para todo o tipo de marcas ou empresas.

  • Nas empresas B2B ou nas PMEs, as máscaras promovem o narcisismo coletivo e o sentimento de pertença a um grupo.
    Disponibilizar máscaras constitui também uma gentileza para com os trabalhadores e públicos internos, para além de ser uma ajuda económica. Se as pessoas de uma empresa têm de trabalhar de máscara, disponibilizá-las transforma-se num apoio para os seus colaboradores.
  • No caso das empresas B2C é ainda um elemento de promoção. Vejamos o exemplo das equipas de futebol. Todas têm máscaras. Neste caso, além de cumprir as funções mencionadas anteriormente, a máscara transforma-se num desejado objeto de merchandising que gera receitas.

Identidade de marca: as máscaras como bandeiras

Dito isto, também podemos considerar que uma máscara pode ser, e em muitos casos é, uma bandeira. Em todo o caso, estamos a falar de identidade: quer seja de marca, pessoal ou nacional.

 

 

 

Josep Maria Mir

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